Julio Brant e Clóvis Munhoz rompem com Pedrinho e renunciam ao Conselho Deliberativo
Na carta enviada ao Conselho Deliberativo do Vasco, os membros destacaram insatisfação com os caminhos tomados por Pedrinho em relação ao rompimento com a 777 Partners, demora no início da reforma de São Januário e dificuldades da equipe dentro de campo. Além disso, os ex-conselheiros também afirmaram que o “Vasco voltou a ser um cabide de empregos” e reclamaram dos atrasos na publicação dos balancetes de 2024 e 2025.
Julio Brant, que apoiou Pedrinho nas eleições de 2023 e que também já foi candidato à presidência do Vasco em 2014 e 2017, destacou os motivos para a renúncia.
“O não cumprimento de elementos básicos do acordado, conforme na carta que apresentamos; transparências nas contratações, enfraquecimento da SAF, fortalecimento do modelo associativo, tudo que o sócio votou contra.”
Além disso, o ex-conselheiro também prometeu acompanhar de perto a atual diretoria e cobrar pela busca de investidores para a venda da SAF.
“Nesse momento, o objetivo é acompanhar os feitos da gestão, fiscalizar e pressionar pra que seja feita a vontade do sócio: a busca de investidor e venda da Vasco SAF.”
Confira a carta de renúncia
“Para todo vascaíno é uma honra e grande responsabilidade ser eleito membro do Conselho Deliberativo do Club de Regatas Vasco da Gama. Nesses mais de dez anos de atividade política, atuamos fortemente para mudar a história do clube. Foram lutas para democratizar, abrir e modernizar o Vasco. Eleições diretas, eleições online, constituição da SAF, apoio na aprovação do Projeto de Lei da reforma de São Januário, dentre tantas outras pautas importantes.
No entanto, não podemos continuar a endossar algo que não acreditamos. A eleição de 2023 foi baseada na defesa da harmonia e compartilhamento de valores que não foram mantidos e cumpridos pela atual gestão. Valores esses que pontuamos e que sempre foram motivo de orgulho e compromisso do grupo com os sócios
Essa é, acima de tudo, uma carta de alerta e de atenção aos vascaínos.
1- Modelo SAF
Criamos a “Um Só Vasco” por acreditar que o melhor a fazer era fortalecer a Vasco SAF, independente do investidor. Esse foi o desejo de mais de 70% dos sócios. Apesar disso, a diretoria tomou uma decisão radical e unilateral, sem consultar o conselho, sua base de apoio e, principalmente, o sócio do clube e retomou na Justiça o controle da Vasco SAF. Sempre defendemos a saída negociada do investidor, prevista em contrato, sem intervenção da Justiça. A judicialização trouxe insegurança jurídica a Vasco SAF, afastando potenciais investidores, que precisam de segurança, credibilidade e garantias para aportar o tão necessário recurso de que nosso Vasco precisa para voltar às glórias. Estamos vendo o enfraquecimento de nossa SAF e o fortalecimento do associativo, tudo que não queríamos e lutamos para transformar. O acirramento recente da disputa entre 777 e associativo em relação ao controle da Vasco SAF e sobre a Recuperação Judicial, só contribuem para esse ambiente de instabilidade, afugentando investidores.
2- Meritocracia
Nossa bandeira sempre foi o profissionalismo. O Vasco voltou a ser um cabide de empregos para amigos, filhos e parentes de quem está no poder. Além disso, irmãs, sócios e amigos de conselheiros aliados são corriqueiramente contratados para atuar em funções importantes da nossa Vasco SAF. Cobramos critério técnico para essas contratações.
3- Transparência
Atrasos na publicação de balancetes, em especial 2024 e 2025, conflito de interesses de gestores do clube, falta de clareza no processo de contratação de pessoas e empresas que servem ao clube são claros exemplos que contrariam tudo o que sempre defendemos e lutamos contra em gestões passadas. A recuperação judicial é outro exemplo. Aprovada com rapidez recorde, sem o devido esclarecimento e discussão nos foros apropriados, em especial com os sócios. As reuniões não têm transmissão para o acompanhamento democrático de todos, e não há o devido espaço para que os conselheiros possam expor as suas ideias e debater uma questão tão relevante, crucial, e com potencial devastador para o futuro do Vasco.
4- Gestão
Não vemos claro estratégia para o aumento de receitas que são fundamentais no processo de restruturação do clube. Viabilizamos um ótimo patrocínio máster, mas o clube precisa de outras fontes. Com isso, o futebol do Vasco agoniza sem recursos para contratações de peso, que resolvam de fato nossos problemas em campo. Além disso, a comunicação em geral com o vascaíno e com o sócio tem sido relegada a segundo plano. Pontos que historicamente criticamos de outras gestões.
5- São Januário e torcida
Graças ao esforço do prefeito Eduardo Paes, o Vasco tem a oportunidade única de reformar e ampliar o nosso tradicional Caldeirão. Porém, até hoje não há notícia de incorporadores interessados na compra do potencial construtivo que viabilizará a reforma. Com um estádio ainda acanhado e desconfortável, o sofrimento para quem deseja assistir aos jogos aumenta com um programa de sócio torcedor confuso e sem avanços.
6- Futebol forte
Futebol que seria a área de grande destaque também tem deixado a desejar. Contratações fracas, caras, sem critérios claros e objetivos, e com atletas sem condições físicas e nem técnica de jogar no Vasco oneraram os cofres do clube. Falta a apresentação de um projeto estruturado para as divisões de base, que hoje está recheada de profissionais sem currículo à altura do Vasco, além de quase nenhuma transparência na negociação e liberação por “incapacidade técnica” de jovens da base.
O descumprimento desses pontos nos levou a agir com sinceridade e transparência com colegas de conselho, beneméritos, sócios e torcedores vascaínos que nos confiaram seus votos e apoios.
Sendo assim, sentimos na obrigação de apresentar ao Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo nossa carta de renúncia. Como vascaínos apaixonados, continuaremos a apoiar a clube e dar toda assistência necessária e que nos for demandada. Também seremos vigilantes. Vamos fiscalizar e cobrar a atual diretoria em todos os pontos pelos quais sempre lutamos. Estaremos ao lado dos sócios, queremos que a sua vontade prevaleça e o modelo SAF seja retomado com a venda para que o clube recupere sua credibilidade e capacidade de investimento.
Esperamos que a vontade do sócio seja respeitada e que o modelo SAF seja retomado ainda este ano.”
Fonte: Super Rádio Tupi