Carlos Osório fala sobre SAF, 777 Partners, empréstimo e consequências de aprovação; veja vídeo Quinta-feira, 24/02/2022 – 08:49 Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, Carlos Roberto Osório, VP do Vasco, falou tudo sobre o empréstimo-ponte da 777 Partners que será votado nesta quinta-feira (24) e também da criação da SAF no clube
Na noite desta quinta-feira (24) uma reunião do Conselho Deliberativo do Vasco vai aprovar ou não o empréstimo-ponte de R$ 70 milhões da empresa americana 777 Partners, interessada em comprar 70% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube carioca. E o fato gerou alguns questionamentos entre os torcedores vascaínos, principalmente caso o aporte financeiro não seja aprovado.
Para trazer luz à esta e outras questões, o Vice-Presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório, concedeu entrevista exclusiva ao ESPN.com.br e falou sobre os próximos passos relacionados à criação da SAF cruz-maltina, após a assinatura, na última segunda-feira (21), de um memorando de entendimento entre o clube carioca e a empresa, para um investimento no futebol do clube carioca.
Sobre a reunião desta quinta, Osório se mostrou otimista quanto à aprovação do empréstimo-ponte, que para isso precisará ter a maioria dos votos no Conselho, e também falou sobre o segundo cenário, caso não haja a aprovação. O dirigente também deixou claro que os R$ 70 milhões não “obrigam” a criação da SAF do Vasco, que será votada posteriormente, em Assembleia Geral, com a presença dos sócios do clube.
“Se o Conselho Deliberativo aprovar, nós temos R$ 70 milhões em um empréstimo-ponte, se a SAF for criada, esse empréstimo vira aporte de capital na SAF, esses R$ 70 milhões iniciais serão destinados, prioritariamente, para pagar salários atrasados, não é segredo para ninguém a dificuldade financeira que o Vasco vive hoje, fazer acertos com fornecedores estratégicos e cumprir o planejamento para o ano. O Vasco não fez nada de orelhada, no orçamento de 2022, aprovado pelo nosso Conselho Deliberativo em janeiro deste ano estava lá: o Vasco precisava de um empréstimo de R$ 73 milhões para cumprir o seu orçamento. O empréstimo foi feito, o orçamento vai ser cumprido. Se o sócio do Vasco aprovar a Vasco SAF, entram na hora da incorporação mais R$ 120 milhões, e aí com esses R$ 120 milhões se iniciarão as obras nos CT’s e, evidentemente, teremos dinheiro para investir na atividade final e principal, que é o futebol do clube”, começou por dizer.
“É importante dizer, e aí é mais um orgulho que o Vasco tem, de ter encontrado um parceiro com o porte e a visão da 777, o Vasco está recebendo um empréstimo-ponte, que será transformado em aporte de de capital de uma empresa que não existe, não foi constituída e sequer está autorizada a sua existência, diferentemente dos outros dois clubes (Botafogo e Cruzeiro) que já constituíram a sua SAF. A 777 confia tanto no projeto, que entendeu a necessidade de curto prazo do Vasco, está fazendo um empréstimo-ponte de R$ 70 milhões, se o Conselho Deliberativo aprovar esse empréstimo, e temos toda a confiança que ele será aprovado agora nesta quinta-feira, esse dinheiro entra de imediato, para que o Vasco possa conduzir adequadamente a sua operação, até a conclusão das negociações da SAF”, prosseguiu.
“Se por acaso o Vasco receber esse dinheiro e não aprovar a SAF, porque o recebimento desse dinheiro não vincula a aprovação da SAF, o Vasco recebeu esse dinheiro, se aprovada a SAF, ótimo, virou aporte de capital, sem juros, sem nada, vida que segue, vamos trabalhar. Se por acaso o associado do Vasco entender que a SAF não é o melhor caminho, esse dinheiro se transforma em um endividamento do clube e terá que ser pago pelas condições contratuais. É importante também que o vascaíno saiba que, ao concordar em receber este aporte, este empréstimo-ponte da 777, o Vasco não se obriga em se transformar em SAF. A 777 sabe que a decisão final de virar SAF ou não será dos donos do Vasco, que são os sócios do nosso clube”, complementou.
Recolocar o Vasco no caminho dos títulos
Em relação ao memorando assinado no início da semana com a 777 Partners, Osório destrinchou o acordo e afirmou que, se constituída a SAF, onde 70% das suas ações serão transferidas para a empresa americana, que investirá um total de R$ 700 milhões e ainda assumirá a dívida total do clube (cerca de R$ 700 milhões também) a ambição é recolocar o Vasco no caminho das vitórias e títulos.
“Primeiro, o Vasco e a 777 ajustaram e acordaram no objetivo principal de longo prazo dessa união, que é fazer do Vasco um gigante do futebol brasileiro novamente, disputando para valer e para vencer todas as competições que participa, essa é a ambição do Vasco, dividida e assumida também pela 777. Para que isso aconteça, nós colocamos salva-guardas mínimas, evidentemente, de investimentos no futebol profissional do clube. Para que a gente possa alcançar esses objetivos, precisamos de um mínimo de investimento, e o parâmetro, evidentemente, é o parâmetro do que é investido na folha salarial do futebol, e no departamento de futebol, nos 5 maiores clubes do Brasil, entre os quais o Vasco figura. Eu não posso entrar em detalhes desse acordo, pois ele está sob sigilo durante esses 90 dias, nos quais a 777 está fazendo a due diligence, mas nós podemos garantir à nossa torcida que existem as salva-guardas e o compromisso, que a Vasco SAF aportará aos recursos necessários para que a gente atinja os nossos objetivos esportivos”, disse.
“Além disso, para que os nossos objetivos sejam atingidos, nós precisamos de infraestrutura. Colocamos também como obrigação, na largada do projeto, e isso está incluído nos R$ 700 milhões que serão colocados no aporte da 777 à Vasco SAF, a conclusão dos nossos dois CT’s, o do futebol profissional, que hoje tem dois campos de futebol profissional. O projeto completo encampa sete campos no total, um mini estádio para 4 mil pessoas, para as partidas da nossa base, hotel, restaurante, enfim, a estrutura de um CT de primeiro padrão, de padrão internacional. E também a conclusão do nosso CT da base, em Duque de Caxias, com toda a estrutura necessária para que possamos ter as melhores condições para podermos formar as melhores equipes e sermos competitivos. Isso não é mais sonho, está garantido. O sócio do Vasco aprovando a SAF, as obras no dois CT’s se iniciam ainda esse ano”, complementou.
Próximos passos rumo à criação da SAF
Osório também falou sobre os próximos passos a seguir do clube carioca rumo à transformação do seu futebol em uma Sociedade Anônima. Neste momento, a 777 Partners tem 90 dias de prazo para realizar uma due diligence, um processo de análise detalhada da viabilidade econômica do clube, para depois assinar o contrato vinculante com o Vasco. Na visão do VP, porém, esse processo deverá levar menos tempo.
“O primeiro passo da etapa foi tomado na última segunda-feira, quando o presidente Jorge Salgado, em Miami, assinou o memorando de entendimentos com a 777. A partir desse momento, abre-se um prazo de 90 dias para que a 777 faça a due diligence, avalie e verifique os números do Vasco e esteja pronto para assinar um contrato vinculante, com todas as cláusulas e condições que vão reger a futura SAF do Vasco. Qual é a nossa expectativa? Nós avançamos muito com a 777 nesse período pré-assinatura desse memorando de entendimento. A nossa expectativa é que eles nem precisem dos 90 dias que eles têm de prazo para concluírem a due diligence e assinar conosco o contrato vinculante. A gente acha que isso pode acontecer antes”, disse.
“A partir do momento que o contrato vinculante for aprovado, iniciam o rito formal, dentro do Club de Regatas Vasco da Gama, para a aprovação do negócio. Aí nós temos os poderes do clube, o Conselho Deliberativo, o Conselho de Beneméritos, o Conselho Fiscal, os poderes do clube fazendo o seu trabalho, apreciando esse negócio, para que ele possa ser levado à Assembleia Geral de sócios do clube, para decisão em última instância do associado, isso demanda-se um tempo pois estamos falando de organizar uma eleição completa no Vasco, como se fosse uma eleição presidencial. Ou seja, uma Assembleia Geral em que todos os sócios do Vasco poderão votar para decidir sim ou não. Isso vai demandar um pouco de tempo, pois existem os prazos regimentais a serem cumpridos, mas esperamos que esse processo possa estar concluído, esperamos até meados desse ano. Vamos ver se a 777 utiliza os 90 dias que ela precisa, vamos ver como isso acontece. O nosso desejo, e o da 777, é que possamos concluir no prazo mais rápido possível”, concluiu.
Por que a SAF é a ‘salvação’ do Vasco?
“Nós fizemos um amplo estudo, analisando todas as possibilidade de recuperação do nosso clube que nós teríamos. Estudamos a possibilidade de uma recuperação orgânica, ou seja, um longo período de cinto muito apertado, corte de custos, um sofrimento grande. Uma curva lenta de recuperação do clube, essa era uma possibilidade, mas que estenderia o calvário que passa o Vasco da Gama e os vascaínos, por um conjunto de anos importantes para frente. Uma outra possibilidade, seria o clube pedir uma recuperação judicial, ou seja, congelar o seu endividamento e, a partir daí, buscar uma recuperação, mas essa seria uma medida extremamente traumática e complicada de ser adotada, na nossa visão, não a melhor a solução. A SAF se apresentou como terceira opção, e a melhor de todas. O que é a SAF? Ela possibilita que o clube pegue os seus ativos do futebol, constitua uma nova empresa, zero quilômetro, uma empresa que é a Sociedade Anônima, transfira os ativos do futebol para essa empresa, capte investidores para essa nova empresa, que vão colocar dinheiro novo, de investimento, dentro dessa empresa, e essa nova empresa, que é a Sociedade Anônima do Futebol, passa a gerir o futebol. A lei prevê, dentro dessa transação da SAF, que o clube originário tem a garantia da SAF criada, que essa SAF assume a responsabilidade de pagar 20% das suas receitas para o pagamento de dívidas do clube originário, e essas dívidas são elencadas, estabelecidas na lei. O Vasco deu um passo a mais”, disse Osório.
Por último, o VP revelou que o clube carioca contou com uma empresa para assessorá-lo no processo de condução da SAF, e que a oferta preparada pelo Vasco do seu projeto foi apresentada ao mercado, a cerca de 60 investidores, dos 5 continentes. A partir daí, o processo se afunilou, até a assinatura do memorando com a 777 Partners.
“O Vasco da Gama contratou a KPMG para assessorá-lo nesse processo de condução da SAF, é uma empresa de alcance global, e o Vasco preparou uma oferta do seu projeto para ser apresentado ao mercado. Essa oferta foi enviada a cerca de 60 investidores, dos 5 continentes. A partir daí, se gerou um funil, a oferta inicial do Vasco foi respondida por cerca de 40 investidores, o processo foi afunilando, até a decisão final pela 777 Partners. É importante dizer que, desde o início do projeto, da oferta, da discussão, a 777 foi o investidor mais interesado na SAF do Vasco da Gama. A escolha final pela 777 foi porque ela, primeiro, tem capacidade financeira, tem lastro, tem tamanho para aportar os recursos num projeto da magnitude, que é o projeto que Vasco da Gama apresentou. O Vasco o apresentou um projeto para montar uma estrutura de futebol para figurar entra as principais do Brasil e da América do Sul, disputando Campeonato Mundial, esse é o tamanho do Vasco. Nós somos um dos 5 grandes clubes do Brasil, queremos retornar ao nosso lugar de origem, que é de direito, garantido pelos anos de glória que conquistamos no passado, e pelo tamanho da nossa imensa torcida”, disse.
“A 777 compreendeu bem isso e foi aquela que melhor respondeu, financeiramente, e de todas as maneiras que foram apresentadas aos desejos do Vasco, até que foi firmado esse memorando de entendimento, que na nossa visão é extraordinário para o nosso clube, estamos falando do maior negócio da história do futebol brasileiro, um negócio global avaliado em R$ 1,7 bilhão, que liquida a dívida do Vasco, que possibilita investimento pesado no futebol e que vai fazer com que o nosso clube volte a ser competitivo, pois esse é o nosso objetivo principal, e também dos nossos torcedores”, finalizou.
Fonte: ESPN