Vasco é o 7º clube do Brasil que mais recebe dinheiro de patrocínio de casas de apostas; veja ranking

Vasco é o 7º clube do Brasil que mais recebe dinheiro de patrocínio de casas de apostas; veja ranking Sexta-feira, 31/03/2023 – 13:47 O valor de patrocínios de sites de apostas aos clubes brasileiros da Série A em 2023 supera a casa dos R$ 330 milhões por ano.

O que aconteceu

Os valores anuais mais significativos estão no Corinthians (R$ 35 milhões com a Pixbet na omoplata), no Botafogo (R$ 27,5 milhões da Paribet no master) e no Cruzeiro (R$ 25 milhões da Betfair no master).

Flamengo e São Paulo também estão bem posicionados na arrecadação geral (R$ 24 milhões, embora o rubro-negro tenha negociado a omoplata com a Pixbet e o tricolor, o master com a Sportsbet.io).

Hoje, 19 dos 20 clubes da elite têm algum contrato com sites de apostas.

Em 12 clubes, sites de apostas ocupam o espaço de patrocinador master, o que individualmente mais paga.

O cenário envolve a participação de dez marcas diferentes, que bancam investimentos não só no time profissional masculino, como também no feminino, como é o caso de Fluminense e Palmeiras.

Os números computados pelo UOL consideram montantes divulgados pelos clubes, matérias jornalísticas de fontes renomadas ou informações de agentes do mercado.

Patrocínios de sites de apostas (valores aproximados)

1. Corinthians — Pixbet (Omoplata) — R$ 35 milhões
2. Botafogo — Parimatch (Master) — R$ 27,5 milhões
3. Cruzeiro — Betfair (Master) — R$ 25 milhões
4. Flamengo — Pixbet (Omoplata) — R$ 24 milhões
5. São Paulo — Sportsbet.io (Master) — R$ 24 milhões
6. Internacional — Estrela Bet (Costas baixo) — R$ 23 milhões
7. Vasco — Pixbet (Master) — R$ 22,4 milhões
8. Fluminense — Betano (Master) — R$ 20 milhões
9. Fortaleza — Novibet (Master) — R$ 20 milhões
10. Grêmio — Esportes da Sorte (Peito) — R$ 20 milhões
11. Bahia — Esportes da Sorte (Master) — R$ 19 milhões
12. Athletico-PR — Esportes da Sorte (Master) — R$ 16,6 milhões
13. Atlético-MG — Betano (Master) — R$ 15 milhões
14. Santos — Pixbet (Master) — R$ 15 milhões
15. Palmeiras — Betfair (Master do feminino) — R$ 8 milhões
16. América-MG — Estrela Bet (Master) — R$ 8 milhões*
17. Coritiba — Dafabet Omoplata — R$ 7 milhões
18. Goiás — Esportes da Sorte Master — R$ 5 milhões*
19. Bragantino — Mr Jack.Bet | Manga/Premium — Não divulgado
20. Cuiabá – Não tem contrato

Total estimado: R$ 333,5 milhões por ano

* Estimativas

Por que os sites de apostas estão tão presentes?

“Essa é uma realidade de mercado. Teve uma época que o Brasil era patrocinado pela Caixa. A economia não está bem, então as empresas não vão investir pesado com publicidade em clubes. Um setor que cresceu rapidamente e virou um setor que demanda publicidade é o de apostas. Ninguém aposta se o site não tiver credibilidade. E eles buscam isso se associando aos clubes. Quem está investindo no mercado publicitário é site de apostas”.

Marcos Salum, presidente do América-MG

“Tem um fator que é fundamental é que o business da casa de apostas é o futebol, é o esporte. A finalidade é essa. Se uma fabricante de TV patrocina algo no esporte, ela quer vender TV. Se uma montadora patrocina, ela quer vender carro. No caso das apostas, é fazer com que as pessoas se engajem com aquela própria competição. Isso desperta o interesse das marcas de investirem no segmento, até porque a atividade não tem regulamentação. Então, não há o pagamento de imposto e outras obrigações que outras empresas precisam seguir. A regulamentação vai ser importante para separar as empresas grandes daquelas que estão fazendo movimento só para mostrar tamanho”.

Bernardo Pontes, sócio da BP Sports, especializada em intermediação e ativação no mercado esportivo.

Outro caminho

O dinheiro vindo do mercado de apostas entra para os clubes por outra fonte além do patrocínio direto: placas de publicidade estática nos estádios. Mas Bernardo Pontes alerta para uma possível inflação nos valores de patrocínios praticados no Brasil, considerando o retorno que eles dão.

“No mercado esportivo, patrocínio de clube era por visibilidade. Depois, veio a era da ativação, a oportunidade de levar clientes, fazer relacionamento com camisa, visitar o CT. Hoje, estamos na era da conversão. Se estou colocando R$ 10 milhões em um clube, esse valor tem que voltar em vendas, em novos clientes. Então, quando se paga um valor muito alto, a conta não fecha. Isso é fato”, diz.

Relevância dos patrocínios

A receita com patrocínios e publicidade nos clubes brasileiros correspondeu a 16% da arrecadação total em 2021. O número é do relatório produzido pela consultoria Convocados/XP. Logo, o papel de maior relevância ficou com direitos de transmissão (53% das receitas totais), sendo seguido por negociação de atletas (18%).

“Temos recebido patrocínios acima da média histórica dos clubes. As empresas de apostas estão girando o dinheiro. Patrocínio é uma parte importante, mas não é expressiva como direitos de transmissão. Por isso essas brigas de liga, que é o que muda a história do clube”, explica o presidente do América-MG.

E a regulamentação do setor?

O governo federal ainda não regulamentou a atividade dos sites de apostas no Brasil. Por isso, eles têm base em paraísos fiscais como Curaçao e Malta. A perspectiva é que a regulamentação prometida pelo Poder Executivo mexa com o mercado, porque ela deve trazer exigências às empresas, como ter sede em território nacional e pagar impostos aqui.

“A regulamentação vai deixar uma percepção importante. Na minha visão, as grandes vão ficar maiores e as pequenas vão deixar de existir, porque elas não vão conseguir se adaptar às normas da regulamentação. Eu converso com muitos profissionais de mercado e eles estão loucos. Tem muitas empresas que estão pagando valor acima do que aquela proposta vale, você cria uma bolha. Quando a bolha estourar, fica ruim para todos os lados”, completa Bernardo Pontes.

Fonte: UOL