Vasconha promove ações voltadas para crianças autistas nos jogos em São Januário Quarta-feira, 04/09/2024 – 12:01 “Sem maconha, o Vasco não ganha”. Você provavelmente já ouviu ou leu esta frase, que viralizou nas redes sociais e nas arquibancadas de São Januário nos últimos dois anos. Mas a Vasconha, que popularizou a música, não quer se resumir ao meme. Pelo contrário. O grupo, que gosta sempre de ressaltar que é uma empresa e uma marca, e não uma torcida organizada, quer aproveitar que se tornou um viral para reforçar o lado social e de inclusão do Vasco e sua torcida.
Vasconha disponibiliza abafadores para crianças autistas usarem em jogos do Vasco (Foto: Gabriel Rodrigues/Trivela) |
Com ações sociais, a Vasconha tem apoiado, financeiramente e com visibilidade, instituições voltadas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), lares de idosos e associações de moradores do entorno da casa do Vasco.
Mas o principal foco da Vasconha está mesmo nas ações voltadas para crianças com autismo e as próprias crianças vascaínas do espectro autista. Em parceria com o Autistas da Colina, grupos de pais, mães e famílias vascaínas com crianças com TEA, a Vasconha vende na sua loja, que fica a cerca de 100 metros da entrada principal de São Januário, um adesivo que envolve os dois grupos. O valor é revertido totalmente para o apoio às crianças e para as demais ações sociais da empresa.
Com estes valores, no último mês de agosto a Vasconha também passou a disponibilizar, gratuitamente, o empréstimo de dez abafadores de ouvido para crianças autistas e outros tipos de deficiência nos jogos do Vasco em São Januário. Para pegar o equipamento emprestado, os pais ou responsáveis só precisam assinar um termo e devolvê-lo até uma hora depois do jogo.
– O Vasco é um time de inclusão e nós não poderíamos ser diferentes. Aqui nós temos a ações sociais para crianças com autismo, para a casas de idosos, associações de moradores de bairros próximos, Barreira do Vasco e adjacências. E também temos diversas ações aqui no nosso dia a dia de jogos. Uma ação principal que repercute bem legal, que faz a galera ter um conhecimento maior das nossas causas, é a questão do abafador de ouvido – disse André Maio à Trivela.
Vale ressaltar que São Januário possui um camarote destinado a torcedores com TEA. O local foi inaugurado em abril, e o Vasco foi o primeiro clube do Rio de Janeiro a ter um espaço com esse fim.
Vasconha disponibiliza abafadores para crianças autistas (Foto: Divulgação/Autistas da Colina) |
Experiência pessoal e defesa pelo uso medicinal da maconha
O engajamento na luta e no apoio das crianças com autismo começou através da experiência pessoal de André, um dos quatro sócios da empresa. Pai de uma criança com autismo, ele viu na Vasconha uma oportunidade de unir duas de suas paixões pelo bem.
– Eu sou pai de uma criança com autismo. Então, trouxe um pouquinho do que eu vivia dentro da minha casa para tentar ajudar outras pessoas, junto com o meu outro amor, que é o Vasco da Gama – disse André.
A ciência já estuda há algumas décadas os efeitos da cannabis medicinal em pessoas com TEA. Os estudos e pesquisas apontam, ainda de forma inicial e com algumas dúvidas, que o uso de canabinoides representou uma melhora em alguns dos sintomas ligados ao autismo, principalmente em questões comportamentais e cognitivas.
Por isso, e pela experiência pessoal de André, a Vasconha também está engajada na difusão da ideia do uso da maconha medicinal. Na loja, perto de São Januário, as pessoas podem encontrar livretos e panfletos sobre o assunto.
– Meu filho faz uso do CBD (canabidiol) já há muitos anos. Ele tem 11 anos, então foi diagnosticado já tem um tempo. Ele faz esse tratamento, com prescrição médica, registro da Anvisa, acompanhamento da Polícia Federal, tudo dentro da legalidade, para que nada de ruim aconteça e que ele possa ter o melhor tratamento possível. Então, a gente faz sim essa luta pela questão da maconha medicinal, porque nós temos provas aqui que ela faz um efeito muito bom nas crianças e traz um resultado bem significante – comentou André.
– Falamos muito aqui da terapia, da maconha medicinal. A gente sabe que a luta por uma questão recreativa é um outro sentido. A nossa luta aqui também é pelo lado medicinal, dentro das causas legais. Através disso a gente busca mais abertura, usando a internet, outros meios de comunicação, para tentar expandir sempre essas ideias – completou o sócio da Vasconha.
Vasconha também luta pelo uso da maconha medicinal (Foto: Gabriel Rodrigues/Trivela) |
Como é a loja da Vasconha
A loja, onde também funciona um bar da Vasconha, fica localizada em uma ladeira que termina praticamente na frente da entrada principal de São Januário. É ali, na Rua Ferreira de Araújo, que, além de distribuir os abafadores para as crianças autistas, a marca também vende os seus produtos.
Como André fez questão de ressaltar, a Vasconha não é uma torcida organizada, e sim uma empresa e uma marca de streetwear e surfwear.
Além das roupas, bonés, chapéus e adesivos, também são comercializados itens personalizados de tabacaria, como sedas, piteiras, dichavadores e isqueiros. Também é possível comprar chocolates e cervejas com sabor e aroma de maconha, mas que não possuem canabinoides e, é claro, não são ilegais.
Além do bar, loja da Vasconha vende roupas, bonés e produtos de tabacaria (Foto: Gabriel Rodrigues/Trivela) |
Na loja/bar, muitos torcedores curtem o famoso pré-jogo de São Januário. Enquanto em uma parede há uma televisão que passa programas esportivos e jogos de futebol, em outra há um quadro com um documento emoldurado.
Em maio deste ano, a Vasconha foi um dos grupos que recebeu, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, uma “moção de louvor e reconhecimento” pela luta antiproibicionista. A homenagem foi feita pela vereadora Luciana Boiteux (PSOL).
O reconhecimento pelo trabalho da Vasconha não vem apenas da Câmara de Vereadores e dos torcedores do Vasco. O grupo faz questão de fortalecer os laços com as comunidades dos arredores de São Januário.
– Pelas questões sociais que nós fazemos, por toda essa questão no âmbito aqui da Barreira do Vasco, a gente tem uma aceitação bem legal, as famílias têm a gente aqui como uma referência de boa vizinhança.
Fonte: Trivela