VP jurídico do CRVG critica o balanço da SAF: ‘A dívida nunca será paga. Em resumo, a situação é péssima’ Quinta-feira, 02/05/2024 – 19:26 A posição de confronto por parte do associativo do Vasco se acirra a cada semana. O vice-presidente jurídico do clube, Felipe Carregal Sztajnbok, fez duras críticas ao balanço da SAF publicado na terça-feira. O VP nomeado por Pedrinho vê uma “gestão caótica da 777 Partners”.
O lado da associação não publicou o balanço relativo a 2023. O prazo acabou na terça. Procurado pelo ge para explicar o atraso, Carregal Sztajnbok respondeu às questões e atacou a SAF. O VP jurídico entende que a 777 “gasta muito sem objetividade” e afirmou que há preocupação no associativo sobre o futuro da SAF.
Procuradas para responder às críticas, a SAF do Vasco e a 777 Partners não quiseram se manifestar.
– No português claro, estão enxugando gelo. Todo mundo sabe que essa estratégia não ataca a origem do problema. A dívida nunca será paga. Em resumo, a situação é péssima. E, pior, continua crítica considerando o aporte deste ano e o do ano que vem, que será o último. Mesmo assim, a Vasco SAF ainda continua no vermelho. Estamos muito preocupados com o futuro da Vasco SAF – disse Carregal.
– Temos bons exemplos de SAFs no Brasil que estão atacando a dívida e reduzindo o passivo rapidamente. O Bahia, do City, é uma delas. Se você mata a dívida, o que entra para a SAF entra limpo, no caixa, para investimento. Esse é o primeiro grande passo em direção ao equilíbrio financeiro. A Vasco SAF, como se vê no balanço, está bem longe disso.
A gestão de Pedrinho corre o risco de sofrer penalidades por não ter publicado o balanço financeiro dentro do prazo estabelecido pela Lei Geral do Esporte. Desde 1998, a legislação brasileira prevê obrigações contábeis de ligas desportivas, entidades e clubes. Em caso de não cumprimento, há possibilidade até de afastamento de presidente.
Em nota nas redes sociais do clube associativo, a direção do Vasco responsabilizou a gestão do ex-presidente Jorge Salgado pelo atraso, que teria sido causado pela redução do número de funcionários do departamento financeiro do clube – o que na visão da gestão de Pedrinho teria dificultado a obtenção de informações e documentações para elaboração do balanço.
Salgado respondeu às alegações da diretoria de Pedrinho e disse que “não pode concordar com a triste tentativa de se criar uma narrativa irreal para transferência de responsabilidades”. As duas versões estão na reportagem publicada pelo ge mais cedo.
Da dívida de cerca de R$ 700 milhões que a SAF assumiu do clube, R$ 210 milhões foram pagos até o momento – R$ 90 milhões em 2022 e R$ 120 milhões no ano passado. Considerando atualizações e correções registradas no resultado financeiro da empresa, a redução líquida da dívida é de R$ 60 milhões. Um dos principais desafios é diminuir o custo desta dívida. Isso significa renegociar para obter descontos, redução de juros e alongamento.
Felipe Carregal Sztajnbok, vice-presidente jurídico do Vasco associativo — Foto: Marcelo Wance/Vasco da Gama |
A quantidade de gastos e o custo operacional da SAF foram pontos da crítica da gestão de Pedrinho. O vice-presidente jurídico do CRVG citou o parecer do Conselho Fiscal da SAF e da auditoria para reforçar que o Vasco SAF “corre risco de falência”.
– Está muito claro que estamos sentados em cima de uma bomba-relógio. O Conselho Fiscal da SAF e a auditoria independente foram muito didáticos acerca do risco de falência da Vasco SAF. Não sou eu que estou dizendo isso. São especialistas. A Vasco SAF está alavancada, com um custo operacional altíssimo. Está se gastando muito sem objetividade, sem planejamento – afirmou o VP jurídico.
– A gestão da Vasco SAF é totalmente contrária às diretrizes definidas na lei da SAF. Não tem gestão profissional, não tem governança, não tem transparência, não tem investimento em estrutura – até hoje não temos um CT digno. A lei da SAF foi criada para, além de oxigenar clubes em dificuldade financeira, trazer gestão profissional para o futebol. A 777 está fazendo o contrário.
O ge mostrou, na terça-feira, que a SAF acredita que três pilares importantes para a autossustentabilidade estão sendo cumpridos: aumento de receitas, racionalização dos custos (ter controle das finanças – quanto entra, quanto sai -, o que antes não existia) e redução de dívidas.
Fonte: ge