Confira mais trechos da entrevista coletiva de Rafael Paiva após a classificação do Vasco na Copa do Brasil Quarta-feira, 22/05/2024 – 01:16 Rafael Paiva viveu altos e baixos no comando do Vasco nesta terça-feira, mas, no fim, encerrou seu ciclo com saldo positivo. Sob sua orientação, a equipe bateu o Fortaleza nos pênaltis em São Januário, e garantiu uma vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil.
No fim do jogo, o técnico fez uma análise de seu ciclo como interino do Vasco:
– A gente pegou um momento difícil. Nossa primeira ideia foi resgatar a confiança dos jogadores. Falamos de equilíbrio, estar bem postados. A gente conseguiu dar mais confiança para os atletas. É um grupo calejado, de atletas experientes, mas precisávamos de confiança. Conseguimos no jogo de lá com o Fortaleza, voltamos vivos. Sofremos contra o Athletico-PR, mas conseguimos se segurar apesar da derrota. Evoluímos um pouco contra o Vitória, tentamos jogar um pouco mais. Sabíamos que seria difícil com o Fortaleza, mas conseguimos o objetivo final, que era a classificação – considerou.
O novo técnico, Álvaro Pacheco, chegou ao Rio no último domingo, e, segundo o Paiva, já deu sua contribuição nos bastidores.
– Sobre o Álvaro, a gente já estava conversando com ele. Mesmo de longe, o tempo todo nos passando confiança também. É um cara de uma energia enorme. Desde quando ele chegou, nos colocou pra cima o tempo todo. Nos ajudou no que era possível. Ele esteve presente na concentração, no vestiário. E a gente conseguiu fazer essa transição boa pra ele. E ele já tá bem a par de todas as situações aí – contou.
Contra o Fortaleza, por duas vezes, o Vasco ficou atrás no placar. Depois do segundo gol tricolor, o técnico irritou a torcida vascaína ao substituir João Victor e Galdames por Mateus Carvalho e Pumita. A reação negativa se deveu à permanência de Maicon em campo, mesmo após o zagueiro falhar nos dois gols do Fortaleza. Das arquibancadas, ressoaram o grito de “burro”.
Mas o tempo advogou para o treinador. Minutos depois da mudança, Pumita foi à linha de fundo, pelo lado esquerdo, e deu assistência para o segundo gol vascaíno, que igualou o resultado. Na sequência, o Vasco virou com Piton. Mas nos últimos instantes Hércules tratou de empatar para o Fortaleza.
– A opção da troca do João era porque precisava entrar com lateral ali e o João já tinha o cartão amarelo, e eu não ia deixar um jogador amarelado ali. A gente saltando um pouco mais alto (a pressão), tomando algumas transições. Então a ideia foi simplesmente pelo cartão amarelo, e para colocar o Puma, e a gente já tinha trabalhado isso na semana também – justificou Paiva.
Além de traçar as estratégias para a classificação, também coube a Rafael Paiva administrar juntos aos jogadores as informações sobre o litígio entre a Associação e a SAF do Vasco, que vivem um imbróglio judicial.
– A gente reuniu os atletas e a gente conversou sobre o assunto. Mas a gente o tempo todo deixou muito claro que o jogo era importante, a gente não podia deixar qualquer tipo de informação atrapalhar o nosso rendimento dentro do campo.
Paiva comandava a equipe Sub-20 do Vasco quando houve um imbróglio que terminou com a saída do técnico Ramón Díaz do clube de forma conturbada, depois de uma goleada sofrida para o Criciúma. No mesmo dia, o clube anunciou seu nome como interino. Após essa passagem pelo profissional, ele deve voltar à base.
O novo técnico, Álvaro Pacheco, assistiu ao jogo em um camarote do estádio, e teve uma amostra das qualidades e deficiências da equipe. A partir de agora, ele assume o comando com a responsabilidade de fazer o time evoluir e apresentar uma consistência que ainda não se viu nesta temporada.
A conquista da vaga dá um período de paz ao grupo. O próximo compromisso do Vasco será no dia 2 de junho, no clássico contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.
Veja outras respostas do treinador:
Hugo Moura fora
– A gente levou muito em consideração a semana, foi isso que a gente passou desde o início para todos os atletas. O Galdames e o Sforza conseguiram nos dar o equilíbrio que a gente queria. A gente precisava se proteger ali defensivamente, mas também construir. Então foi em cima disso (minha decisão). Os dois estavam muito bem e a gente optou por continuar.
Escolha e defesa de Maicon
A gente passa orientações para todos os atletas. E o que eu tentei passar pra eles coletivamente é que a gente precisava jogar. A gente precisava tentar jogar, a gente precisava tentar construir melhor. E a gente sabe que essa opção fica no limite do erro, né? Principalmente os defensores ali. Então… há uma pressão alta na gente, e eu acho que tudo faz parte. Eu acho que, apesar do erro, o Maicon é um jogador muito consistente defensivamente, muito forte na bola aérea. O Fortaleza é uma equipe que machuca muito o adversário com as bolas aéreas. Eu acho que o Maicon foi praticamente perfeito ali nas bolas aéreas. Então, são escolhas. São escolhas que você tem que fazer. Então, você talvez ganhe um cara que constrói melhor, mas você perde um pouco na fase defensiva. E o Maicon nos dá uma segurança defensiva e a gente está tentando evoluir na construção. Então é um processo, acho que tudo faz parte do processo, mas o mais importante é que coletivamente a gente conseguiu suprir as nossas dificuldades, as nossas limitações e conseguir uma classificação.
Disputa entre CRVG e SAF
– Os jogadores têm acesso a todas as informações, né. Então a gente tenta ser muito claro. A gente reuniu os atletas e a gente conversou sobre o assunto. Mas a gente o tempo todo deixou muito claro que o jogo era importante, a gente não podia deixar qualquer tipo de informação atrapalhar o nosso rendimento dentro do campo. Acho que a resposta foi dada hoje no jogo. O time estava muito concentrado, muito focado, queria muito classificar. A gente acompanha todas as informações, mas a gente não pode perder o mais importante que é a nossa concentração e foco no jogo. Nosso respeito ao jogo e ao adversário. Então a gente tentou se fechar no jogo, na competição, na importância de passar de fase e no final deu tudo certo.
Interino: oportunidade ou risco?
– Eu me sinto muito feliz pela oportunidade. A gente sabe que estar num clube tão gigante como o Vasco é uma pressão muito grande, acho que isso faz parte da nossa profissão. Na base a gente já tem certa pressão, mas ela não se compara à pressão do profissional. Acho que a gente tem que estar sempre alinhado com aquilo que a gente acredita. Acho que eu estava muito tranquilo com aquilo que eu acreditava no jogo. Faz parte torcida vaiar, torcida é apaixonada. Mas o mesmo peso de xingar, vaiar é o mesmo na hora do gol, da vitória, da classificação. Então o peso é igual. Futebol é apaixonante. Torcida é assim e é isso que nos motiva também. A gente tem que estar pronto. Me sinto muito feliz, não aliviado.
Cartão de visitas para Álvaro
– Ele nos agradeceu no vestiário. O Pacheco é um cara muito apaixonado também e acho que sentiu toda essa vibração, essa emoção, o que é o Vasco. Então acho que foi um baita cartão de visita pra ele num jogo desse nível, nessa fase. Ele agradeceu. E agora estamos passando o bastão pra ele. Tenho certeza que ele vai fazer um grande trabalho.
Emoção do duelo
– Cara, o jogo foi emocionante. Eu fechei ali um discurso no vestiário. Foi (oportunidade de) agradecer por esse momento, né? Por poder ter vivenciado isso, por todas essas emoções. E principalmente por vivê-las e ganhar, né? E passar de fase. Mas é por isso que eu acho que o futebol é apaixonante, né? São todos esses momentos dentro de um jogo. Eu sempre falo que dentro de um jogo há vários jogos, né? Momentos que você está melhor, momentos que você está pior, momentos que você está melhor, mas toma o gol. Que o adversário está melhor, mas você faz o gol. Acho que hoje o jogo foi muito isso, né? Vários momentos. Alternando quem está melhor, quem está pior, quem faz os gols. E muito feliz de ter vivenciado esse dia, essa noite, essa classificação. Então estou muito, muito empolgado e feliz.
Dificuldade de controle de jogo
– Eu acho que a gente saiu muito menos do que a gente esperava, nas quebras de pressão do Fortaleza. Acho que a gente conseguiu circular a bola por fora, mas a gente não conseguiu quebrar por dentro. Acho que a gente não conseguiu colocar os volantes, os meias no jogo da forma que a gente gostaria. Acho que o Fortaleza conseguiu neutralizar bem, saltou bem a pressão, mas a ideia era tentar ficar mais com a bola. A gente sabia que o Fortaleza com a bola tinha uma transição muito rápida, e se nos pegasse desorganizados, e ao mesmo tempo que se a gente baixasse as linhas, é um time que circula muito bem e termina muito bem as jogadas pelo lado. Então o fato de tentar ter a posse era até para sofrer um pouco menos os ataques do Fortaleza. Eu acho que a gente tentou em alguns momentos, saímos em poucas vezes, mas eu acho que é um processo. A gente tentou um pouco mais do que a gente estava tentando ultimamente. Temos que trabalhar mais, eu acho que agora através do Álvaro vai tentar trabalhar muito em cima disso também. É um processo que eu vejo, pelo menos do primeiro jogo contra a Fortaleza para esse jogo, a gente está em uma evolução. Ainda pequena, mas a gente vai chegar no nível que a gente acredita que seja satisfatório.
Léo Jardim
– A gente treinou pênaltis a semana toda. Lógico que a gente gostaria de ganhar o jogo no tempo normal e não ter esse tipo de sofrimento que são os pênaltis. Mas a gente trabalhou a semana toda. A gente tem grandes cobradores de pênaltis. E o Léo é um goleiro muito diferente. É um goleiro nível de Seleção. Ele realmente defende muitos pênaltis em treino também. Então a gente fechou na roda e a gente sabia que o Léo alguma cobrança ia pegar pra gente. Acho que a gente foi muito feliz ali em todos os pênaltis, muito bem batidos. O que eles treinaram, eles conseguiram colocar em prática na hora das cobranças. Ali tem a parte mental, mas acho que tem muito a parte técnica mesmo. O que eles já fazem nos treinamentos. E a gente sempre torce pro melhor do Léo. É um goleiro de altíssimo nível. Eu tenho certeza que o Léo vai ter muitos triunfos ainda na carreira dele.
Fonte: ge
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