Vasco pode ser condenado a pagar mais de R$ 6 milhões à Portuguesa-RJ por dívida referente a Nathan
O imbróglio começou em 2017, quando Portuguesa e Vasco firmaram um acordo para a ida de Nathan ao clube de São Januário, após se destacar na Lusa. Na ocasião, ficou definido que o time da Ilha do Governador ainda manteria 30% dos direitos do lateral-direito. A veracidade do acordo, inclusive, foi confirmada pelo então gerente operacional de Futebol de Base do Vasco, Antônio Teixeira, em entrevista ao DIA, em setembro de 2020. “O Nathan realmente veio da Portuguesa, e havia parceria entre Vasco e Portuguesa”, afirmou Teixeira à época.
No entanto, em 2021, a diretoria vascaína vendeu o jovem atleta ao Boavista, de Portugal, por aproximadamente R$ 9,4 milhões. E depois que o defensor deixou o clube português rumou ao Santos, em 2022, o Vasco ainda teria recebido mais R$ 6,6 milhões. No mesmo ano, a Portuguesa acionou a Fifa, pleiteando os 30% deste valor.
Alexandre Campello, presidente do Vasco no momento em que Nathan firmou seu primeiro vínculo profissional no clube, após deixar a Portuguesa, não reconheceu o acordo feito na gestão anterior. Entretanto, a Lusa tem provas de que o trato foi firmado em 2017.
“Não se trata simplesmente de um processo Portuguesa x Vasco. Esse caso é muito maior que isso. Ele é simbólico. Trata-se de um clube pequeno tendo um atleta ‘roubado’ por um clube grande, o que, infelizmente, aconteceu e tem se tornado prática comum no futebol brasileiro. A A.A. Portuguesa tem todas as provas, provas incontestáveis de que o Nathan era nosso e que havia a parceria. Juntamos no processo o e-mail corporativo do Vasco dizendo ‘segue o contrato de parceria entre Vasco e Portuguesa do atleta Nathan’. E, ainda assim, o Vasco insiste em negar a parceria. É uma vergonha isso”, afirmou Marcelo Barros, presidente da Portuguesa, lembrando que o clube da Ilha do Governador já pagou mais de R$20.000 à CBF pelas custas do processo.
“O Vasco pegou nosso atleta, não honrou o que foi combinado, mas recebeu dinheiro, e muito dinheiro, pelo nosso atleta, que já foi vendido para clube português ,e depois, para dois clubes no Brasil. É muita covardia. Mas confiamos que a CBF fará Justiça”, avaliou Marcelo Barros.
A Dra. Renata Mansur, advogada especialista em Direito Esportivo e defensora da Portuguesa-RJ no caso, considera as provas reunidas pela diretoria da Lusa são irrefutáveis e acredita que dificilmente o Vasco sairá vencedor desta situação.
“As provas que temos contra o Vasco são irrefutáveis. Temos contrato produzido na época pelo jurídico do Vasco dando à Portuguesa 30% dos valores recebidos por qualquer venda ou empréstimo do atleta Nathan Santos de Araújo. Esse documento foi enviado para a Portuguesa pelo responsável dos contratos da Base do Vasco, em papel timbrado, e-mail do próprio Vasco da Gama. Ainda há diversas testemunhas que confirmam o acordo, tanto pelo lado do Vasco como da Portuguesa. Não há o que questionar”, atesta Renata.
A sentença do caso deve ser publicada no dia 31 de março pela CNRD da CBF e, de acordo com os cálculos feito por um contador contratado pela Portuguesa, os valores corrigidos a serem recebidos pelo clube da Ilha do Governador já superam os R$ 6 milhões.
Fonte: O Dia