Alexandre Pássaro admite erros, mas diz que ambiente político atrapalha o Vasco; veja vídeos Quinta-feira, 16/12/2021 – 19:34
Alexandre Pássaro deixou o Vasco há pouco mais de um mês após não ter sucesso em alcançar o principal objetivo do clube em 2021: voltar à Série A. Nesta quinta, em entrevista ao programa “Central do Mercado”, do ge, o dirigente admitiu erros, mas citou as dificuldades de se trabalhar em um clube com o cenário político conturbado.
Pássaro ressaltou que fez de tudo para blindar o futebol do cenário político, mas em determinado momento foi inevitável que a pressão externa interferisse no dia a dia do futebol do Vasco. O dirigente, no entanto, destacou a grandeza do clube e elogiou o presidente Jorge Salgado.
– O dia que tiver neto ou um bisneto, contarei para eles o prazer e a honra que foi trabalhar no Vasco da Gama. Uma coisa gigantesca, que levo no coração como uma das maiores alegrias da minha vida. Mas quando eu cheguei, assim como foi com (André) Mazzuco, (Paulo) Pelaipe, e com Newton Drummond (todos ex-executivos do Vasco), você encontra uma realidade…. Uma realidade que o Jorge Salgado tenta mudar um comportamento, um cenário e uma política em que você encontra muitas barreiras que não te deixam caminhar limpo e sozinho. Você gasta energia e tempo quebrando essas barreiras desnecessárias, barreiras ao próprio clube. É muito difícil – lamentou Pássaro.
– Quanto matematicamente se confirmou que o Vasco não conseguiria o acesso, chamei o presidente e disse que iria sair. Mas talvez tenha me custado um pouco o ambiente da política do Vasco. Eu não faço questão nenhuma de participar desse tipo de mundo. Não é o meu mundo. Todos nós aqui somos profissionais. Educação com todos é uma coisa básica. A questão de fazer vista grossa para eventuais prejuízos do clube em nome de um conselheiro ou de um vice presidente, eu não engulo – frisou o dirigente.
Pássaro disse que fez de tudo para blindar o departamento de futebol da política do Vasco, mas acabou não sendo suficiente.
– Embora eu soubesse de todo barulho externo, eu pude trabalhar com as minhas convicções, com a minha equipe, com meus atletas. Todos que estavam dentro do projeto sabem o tanto que blindamos a estrutura. Acabou não sendo suficiente, também por erros que cometi. Mas toda essa barulheira e desejo de protagonismo e poder… Esse amor dessas pessoas vira desejo de poder. Foi uma coisa que vejo com prejudicial – criticou Pássaro, sem citar nomes.
Ao longo do bate-papo com a Central do Mercado, Alexandre Pássaro também falou sobre Cano e Benítez, argentinos com quem trabalho no Vasco e comparou seu trabalho no São Paulo e no Vasco, seus dois últimos clubes.
Outros trechos
Saída de Cano
– Posso falar do momento que estava lá. Não sei o que aconteceu depois. Quando o Vasco foi rebaixado para Série B, nós tivemos oito dias entre o rebaixamento e a estreia no Carioca. Foi uma coisa insana. Chamei o Cano na minha sala, expliquei como eu pensava o trabalho e pedi para que ele nos desse uma chance de ficar. Ele tinha muito assédio, o Vasco tinha uma dívida com ele, que tinha uma situação contratual confortável para sair. No dia da minha despedida, ele disse que não se arrependia, pois fizemos um trabalho legal.
– No dia após o jogo contra o Botafogo, recebi o empresário, já sabia que eu sairia, mas queria deixar as coisas encaminhadas. Externei o desejo de renovação, mas acabei saindo três dias depois. Foi o último contato. Acabei falando com ele agora, depois que ele saiu. Mas é um atleta que participou de uma equipe que foi rebaixada e outra que não subiu. E ele tem uma média de quase 0,5 por jogo. Sou testemunha de quanto ele trabalha. Tenho certeza que, assim como a torcida ficou carente dele, ele também vai sentir muita falta do Vasco.
Saída de Benítez
– Encontrei o Benítez, ele me disse que tinha proposta de outro clube e queria sair. Mas o Vasco tinha muita dívida com ele. Só soubemos que era o São Paulo depois de uns dois ou três dias. Colocamos nossas condições, jogamos limpo. A gente conseguiu reaver uma parte do investimento feito nele e ainda ficou, até dezembro deste ano, um crédito com São Paulo. O mais importante é que colocamos as cartas na mesa, ele entendeu e abriu mão de bastante dinheiro. Quando o jogador não quer ficar, é muito difícil reverter a situação. Mas não acredito na questão do jogador querer ir embora e ir embora. Colocamos as condições.
Diferenças entre Vasco e São Paulo
– São clubes de grandezas iguais. Mas comparando no mercado, na visão de empresários e jogadores, é diferente. As preocupações do Vasco eram diferentes. Se eu estou contratando o Nenê no Vasco, ele não tem essa preocupação se vai jogar. Mas ele tem preocupação com estrutura, recebimento de salários, então essas diferenças foram grandes para mim, de como convencer jogadores e empresários.
– Aqui (no Vasco) as preocupações eram muito mais financeiras. No Vasco ninguém estava preocupado com questão de multas, até porque fizemos muitos contratos curtos para evitar problemas. Mas no dia a dia do trabalho, a pressão é igual, a necessidade de vencer igual, a estrutura de trabalho, depois de um trabalho que fizemos, é igual.
Fonte: ge