PÁSSARO FALA SOBRE SALÁRIOS EM DIA, VENDA DE TALLES, SAÍDAS E PROCESSO DE WERLEY

Além de quitar a situação dos funcionários do Vasco no início da semana, o clube pagou duas folhas aos jogadores entre quarta e quinta-feira. Desta forma, segundo Alexandre Pássaro, executivo de futebol, o elenco de jogadores com o qual a diretoria conta está com os salários em dias.

Pássaro explicou que há pendências referente a acordos celebrados em 2020, durante a pandemia, mas afirmou que a situação dos atletas foi regularizada.

– Futebol é mais representativo porque é o carro-chefe da instituição, mas gostaria de citar várias pessoas. Hoje posso dizer, sim, que o salário dos jogadores está em dia. Existem ainda alguns acordos que precisamos solucionar.

– Os atletas com os quais a gente conta no elenco estão rigorosamente em dia. A gente precisa de paz, e ouvi isso do Salgado lá atrás. Começo do mês que vem tem mais uma luta (risos), tem muita coisa para trás, porém tivemos que em determinado momento que esses acordos da Covid-19 trataríamos em outro momento.

Pássaro também falou sobre a negociação de Talles Magno, vendido ao New York City durante esta semana, e a respeito de processos movidos por Neto Borges e Werley, que faziam parte do grupo de afastados pela diretoria. Confira nos tópicos abaixo:

Venda de Talles Magno

– Começou há praticamente dois meses. Grupo City tem um representante aqui que chama Cadu Santoro. Trabalhou muito bem, eles são muito organizados. Nosso CEO, Luiz Mello, viajou para lá e está com o Talles. Esteve comigo em todo o processo. Teve a lesão do Talles, teve o acompanhamento dos médicos do City, até chegar nesse momento da janela.

– Até para ir a gente conseguiu uma autorização para eles entrarem nos Estados Unidos. Estamos falando de intercâmbio de profissionais, experiências de um clube com o outro. Estamos aprendendo muita coisa.

– Foi uma negociação tratada em muito alto nível, mas existiam muitos interesses na mesa, um cenário de muita incerteza. Existiam diversos jogadores para a mesma posição. E em nenhum momento a gente empurrou o Talles. Tenho a convicção de que o Talles seria um dos principais jogadores da Série B, não só do Vasco. A gente sabia que ia perder na parte esportivo, mas, mesmo com dinheiro, a gente não poderia abrir mão por qualquer valor.

– Exemplo de Soteldo, que acabou indo por um valor muito menor. O próprio Brenner, do São Paulo, que fez 27 gols e foi com valor parecido.

– Talles, com potencial que tem, nos ajudou muito. Talles saiu pela porta da frente, remunerando o clube dele, para quando quiser voltar, a gente vai estar torcendo por ele. Continuamos com percentuais, bônus, e o Talles sabe que é a casa dele. Ele será mais um pedacinho do Vasco representando o clube no mundo.

Negociação de saída amigáveis e processos sofridos

– A gente vem tentando resolver os casos sempre com diálogo. Resolvemos Pikachu, Torres, Léo Gil, empréstimo do Fernando Miguel. Marcos Júnior, Carlinhos, Henrique, Caio Monteiro… Todos esses com muito diálogo, transparência, e com todos os jogadores sabendo do que o Vasco poderia fazer. E todos os jogadores sabendo o que o Vasco poderia fazer. Se perguntar para o Pikachu se as parcelas dele estão em dia, ele vai dizer que sim.

Crítica por pedido de “danos morais” por parte de Neto Borges

– E outros jogadores decidiram cobrar o contrato de outra forma. Neto Borges tinha o contrato até 31 de julho. É um jogador que a gente não usaria porque ele voltaria à Bélgica. Há uma questão de pagamento ou não que não compete a mim ou ao futebol. Porque quando o recurso é escasso é natural, não é nem louvável, mas é natural que se tenha de priorizar algumas coisa.

– Sobre danos morais, eu prefiro não falar. Jogadores têm de cobrar o contrato e nunca dano moral. Dano moral pelo que será? Tenho certeza que jogadores que ainda estão aqui, que têm contrato e que sempre honraram a camisa do Vasco em campo não reclamam absolutamente nada de dano moral.

Processo de Werley e tentativa de negociação com o zagueiro

– Werley teve sim uma proposta de acordo, que eu mesmo fiz pessoalmente ao empresário há 15 dias. Ela consistia em somar todos os atrasados do Werley, as parcelas passadas, todo o contrato que tem, ainda faltam cerca de 20 meses de contrato. Pegar esse valor todo, esse valor cheio, e parcelar em mais tempo do que o contrato dele. Porque se fosse para pagar no mesmo tempo de contrato não faria sentido acordo.

– Exemplo: se ele ganha R$ 300 mil, e é um exemplo. Não é o salário dele. Se ele achasse mês que vem um clube para assinar o mesmo tempo de contrato para ele ganhar R$ 50 mil, o que a gente pediu e colocou em contrato, que é razoável, é que a gente descontasse esses R$ 50 mil do acordo.

– Em vez de eu pagar R$ 300 mil por mês, que era o salário cheio, se ele achou um novo clube, que ele continue ganhando os R$ 300 mil e não R$ 350 mil. Isso não foi aceito por ele, e aí para nós também não fez sentido.

– Isso é uma figura que existe na Fifa, que se chama mitigação. O jogador foi embora do clube e tem US$ 3 milhões para receber. Mas se ele assinou um contrato de US$ 1,5 milhão, ele vai receber US$ 1,5 milhão.

– Ontem recebi a notícia que ele resolveu entrar na Justiça, é um direito dele. Depois que negou a proposta, já virou uma conversa jurídica. Cabe a nós esperar. Já não estava vindo treinar desde a semana passada, a gente esperava que isso poderia acontecer. Tenho e tive a melhor das relações com o Werley, lamento que chegou a esse ponto, mas é um direito dele.

– Enquanto 10 ou 12 jogadores escolheram o caminho das portas abertas, outros dois escolheram outro caminho. Cada escolha que eles fazem é uma renúncia.

Mudança no comando do futebol durante a transição de presidentes

– Buscamos as boas notícias internas para o nosso trabalho. Se isso gera boas notícias para fora, é uma consequência é que se a gente não visa. Se hoje a impressão é de que o ambiente está bom, sei que teremos semanas em que não estaremos boas. É difícil blindar boa notícia e má notícia. Mas o nosso foco é que a gente parta da nossa convicção. Converso com pessoal da comunicação. Vamos tomar porrada? Vamos. Não será a primeira vez. Esse é o nosso jeito de trabalhar aqui. Tenho uma equipe gigante, tenho outras áreas que interagem comigo.

– De fato não concordo com muitas coisas que estavam aqui no departamento de futebol. Não tenho problemas políticos com quem aqui esteve. Sou profissional e cheguei ao Vasco. Também havia coisas positivos. Nossa principal figura foi trazida pelo departamento de futebol do ano passado. O Talles subiu pelo Luxemburgo. O Matías veio na administração passada, pelo Carlos Brazil.

– Teve sim um montão de coisas ruins, mas cabe aproveitar as coisas boas. Fico feliz que tenha sido uma semana que deixou a torcida feliz. É para isso que eu trabalho. Sinal que as coisas estão dando certo. Mas cabe a mim continuar buscando boas ações e atividades para que essa semana seja tão comum do que tenha sido nos últimos anos. Muitas coisas daqui não cabiam mais no mercado profissional do futebol de hoje.

Planejamento para Riquelme

– Embora ele tenha jogado pouco, vimos muito o Riquelme aqui no CT. Certeza que ele é uma joia e evoluiu muito aqui no último mês. Ele evoluiu no trabalho, na academia. É um excelente jogador. Se o Zeca não estiver à disposição, colocamos com tranquilidade. Mas o debate aqui é que, caso aconteça alguma coisa e o Zeca não possa jogar uma sequência, não temos a certeza se o Riquelme tenha maturidade para aguentar uma sequência.

– Temos visto no mercado opções. Talvez não um lateral, mas um volante que possa cobrir na lateral em uma eventualidade. Aconteceu algo com Zeca, joga o Riquelme. Mas nessa Serie B tudo pode acontecer e temos que pensar nisso. No caso do Matias, por exemplo, ele pode ser convocado em Datas Fifa. Temos que tomar muito cuidado e prever. As vezes vamos fazer algum movimento no mercado e vão pensar mais um para a posição. Mas é um exercício de previsão.

Como recebe a idolatria da torcida?

– Não costumo ver muitas coisas. Vejo o que a assessoria me manda. Mas fico feliz por saber que o trabalho que lidero tem feito torcedores felizes. É o básico da nossa profissão. Mas também sei que quando perdermos três seguidas volta ao contrário. Já vivi algo parecido no São Paulo, líder do campeonato, Daniel Alves, mas a coisa vira em três semanas. Do céu ao inferno. Nos cabe ficar com pés no chão. Sempre soube que a torcida do Vasco é completamente diferente. Tenho sentido isso com felicidade. Mas meus pés estão no chão. Não jogo, não faço gol, não dou carrinho. Estou aqui para prestar serviço de qualidade para o Vasco, jogadores e comissão técnica. Sou um prestador de serviço. Preciso que os jogadores estejam bem assessorados porque são eles que vão receber.

– O Rodrigo Caetano é uma referência. Sempre me espelhei nele. Essa comparação me deixa feliz e mostra que estou no caminho certo do caráter, da honestidade. Cabe a mim seguir esse caminho de respeito, trabalho e honrar a oportunidade que o Salgado me deu. Se alguém me contasse há alguns anos que eu seria o diretor de futebol do Vasco da Gama acharia que é mentira. E esse desejo distante se tornou realidade.