Mazinho: ‘É uma pena hoje a gente ver o Vasco nessa situação’

Mazinho: ‘É uma pena hoje a gente ver o Vasco nessa situação’ Sábado, 05/03/2022 – 16:34 O ano de 1994 é para lá de especial para todos os brasileiros. Afinal, foi há 28 anos que o Brasil encerrou um longo jejum e comemorou o tetracampeonato mundial. Nesse cenário, a Paraíba também viveu um momento marcante com aquela conquista, coroada pelo único paraibano campeão com a seleção brasileira em uma Copa do Mundo. Esse é Mazinho, ex-jogador e hoje empresário, que tomou a posição de Raí entre os titulares no meio de campo daquele time e convenceu nos Estados Unidos. Ele é o personagem da vez na série de reportagens sobre os 35 anos das TVs Cabo Branco e Paraíba no Globo Esporte PB.

Direto de Barcelona, onde reside, Mazinho bateu um papo com o repórter Pedro Canisio. Na entrevista, ele relembrou o início da carreira em Santa Rita, a sua cidade natal, e também contou curiosidades do Mundial de 1994. Além disso, falou da família, do Vasco, de Hulk e das expectativas para a Copa do Catar, que acontece no fim deste ano.

Infância em Santa Rita e início no futebol

Tem boas recordações. Toda a minha infância eu tenho gravada na minha mente. Desde o colégio das freiras, onde estudava. Logo fui para o colégio estadual, onde eu comecei a participar de competições. Isso foi maravilhoso, onde comecei a despontar, a ter um reconhecimento. Depois eu comecei a jogar futsal, até ir para o Estrela do Mar, de Jaguaribe. Até que cheguei ao Santa Cruz de Santa Rita. Também defendi a Seleção Paraibana de futebol. Então, é isso que lembro da minha infância, porque, aos 16 anos, fui para o Rio de Janeiro.

Dificuldades na adaptação

Eu já vivia muito tempo fora da Paraíba, mas eu lembro que, quando cheguei no Rio de Janeiro, tinha muita dificuldade para me expressar. As pessoas riam de mim quando eu falava. Aos poucos, eu fui ganhando a confiança, até me soltar.

Glória com o tetra em 1994

Foi o momento que coroou a minha carreira. Acho que o objetivo de todo jogador de futebol é defender a seleção do seu país. E quando você está em uma seleção, a principal meta é a de ser campeão do mundo. E chegar no último momento e estar na lista de convocados, é marcante. Eu entrei na reta final do ciclo, já em 1994. Desde o princípio, os jogadores mostravam uma união. O Brasil vinha de um Mundial complicado em 1990. De todas as passagens que tive pela Seleção Brasileira, aquela equipe nunca teve problema. Era uma irmandade muito grande. E, assim, os objetivos foram sendo conquistados pouco a pouco. A Copa do Mundo foi de dificuldade, união e muita fé.

Jogos marcantes

Primeiro a vitória sobre a Holanda. Foi uma coisa maravilhosa. Chutão, Romário sai da posição de impedimento, engana todo mundo, e a bola sobra para Bebeto, que driblou o goleiro e conseguiu marcar. Bebeto sai para comemorar e homenageia Mattheus. Depois eu chego junto e Romário também. Essa situação ficou mundialmente famosa. Até hoje, eu recebo fotos desse momento para autografar. Outro fato marcante foi a final. Nós tínhamos confiança demais em Taffarel. Ele já tinha defendido a cobrança de Massaro. Depois Baresi chutou para fora. Aí Baggio coroou o nosso trabalho. Foi a maior emoção daquele trabalho. Toda a loucura que passamos para chegar naquele Mundial.

Longa crise no Vasco

É uma pena hoje a gente ver o Vasco nessa situação. Mas eu tenho certeza que um dia vai voltar à elite do futebol. Eu acredito que vai sair dessa. O torcedor vascaíno é muito potente, muito forte. Então eu tenho certeza que o Vasco voltará a ser grande, vencedor como sempre foi. Agora, é claro, isso não vai acontecer da noite para o dia.

Gols em 1988 contra o Botafogo

Foi o único jogo em que consegui fazer dois gols. Foi no Maracanã. Eu nunca dei tanta cambalhota na minha vida. Eu lembro que gravei uma reportagem para a Globo sobre a minha carreira, e os jornalistas ficaram impressionados quando viram a minha atuação nessa partida contra o Botafogo.

Jogador polivalente

No Vasco, eu cheguei como meia. Acabei jogando até de ponta-esquerda no juvenil, só perdia para Romário no quesito artilharia. Quando fui para o profissional, os gols desapareceram. Eu passei a jogar no meio e depois atuei nas duas laterais, mas foi na esquerda que mais gostei. Foi na lateral esquerda que eu cheguei e disse: essa é a minha posição. Eu estava adaptado e me firmei como titular.

Assistência para Romário contra o Uruguai

Eu conhecia Romário de muito cedo. Isso facilitou, é claro. Eu tabelei com Bebeto e já imaginava que Romário fosse se antecipar aos zagueiros. Eu cruzei a bola e ele fez o que eu esperava. Conseguimos o título da Copa América, que o Brasil não conquistava há 40 anos.

Mirando o hexa

O Brasil sempre sai desacreditado. Eu acho que a última vez que fomos como grandes favoritos foi em 2006. Era um time maravilhoso que não conseguiu passar das quartas de final. Então eu acredito que o Brasil sabe sair dessa situação e conseguir brigar pelo título. A matéria-prima é muito boa

Hulk merece convocação para o Catar?

Eu tenho certeza que sim. Acho que o Brasil já rompeu essa barreira de que jogador com 30 e poucos anos não pode estar na Seleção. A Seleção precisa entender os jogadores que estão em momentos maravilhosos, como é o caso de Hulk. Ele é o melhor jogador do futebol brasileiro, é artilheiro e é campeão. No nível que jogou em 2021, ele tem grande possibilidade de ir para a Copa do Mundo. E, quem sabe, ele não se torna o segundo paraibano campeão mundial.

Pai coruja

Eu agradeço por ter uma família com muita saúde. Eu tenho uma família dedicada ao esporte. A minha ex-esposa era jogadora de voleibol. Meus filhos, os três, tanto Thaisa, que é a mais nova, quanto Thiago e Rafinha, todos praticaram esporte desde criança. Depois eles foram definindo o que queriam fazer. Thaisa era uma boa atleta de ginástica rítmica, mas preferiu o basquete. Já Thiago e Rafael se deram bem no futebol. Eles jogaram basquete, futsal, tênis, hóquei de patins, mas foi no futebol que eles se encontraram. Os dois sempre me acompanharam nos treinamentos. Graças a Deus, são garotos bem-sucedidos.

Lembranças do futebol paraibano

Eu lembro que torcia pelo Campinense por causa da minha mãe. Mas eram times marcantes. Lembro do Botafogo-PB de Lula e de Magno, que era um grande jogador. Eu costumava assistir quando Campinense, Treze e Botafogo-PB iam para Santa Rita. Eu tive a oportunidade de jogar contra, aos meus 16 anos, no Campeonato Paraibano. Me sinto privilegiado por isso.

Mazinho ao lado da família, Thaisa, Thiago e Rafinha, os filhos, além do neto, Gabriel

Fonte: ge

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